Bolsas Rotary pela Paz: um caminho para mudar o mundo

Postado em: 06 de Novembro de 2020 por Rotaract Club de Rei do Mato

Imagem retirada do site Vozes do Rotary. Fonte no texto.

Por Katia Dantas

Rotary World Peace Fellow, Duke University MIDP (2007-2009)

Eu tive a sorte de nascer em uma família maravilhosa, que me incutiu valores de desapego, compaixão e caridade. Tive ainda mais sorte de contar com excelentes bússolas morais: pessoas maravilhosas, profissionais maravilhosos, que foram colocados cuidadosamente em meu caminho para me inspirar a seguir em frente. Mas nada se compara à fantástica experiência que tive como bolsista do Rotary.

Minha jornada começou em 2005, graças a Jean Roberth Souza, um amigo que me apresentou ao programa Intercâmbio Grupo de Estudos (IGE) do Rotary. Este programa permite a jovens professionais uma imersão cultural e profissional única. Nessa época eu já trabalhava para a USAID, a agência dos EUA para o Desenvolvimento como assistente do Programa de Saúde. Eu acabava de descobrir minha verdadeira vocação depois de anos buscando-a: assistência internacional. Mas eu sentia que precisava de algo mais para poder crescer nessa área. E o IGE veio exatamente para me ajudar a dar os primeiros passos rumo à minha nova vida.

Durante essa viagem de um mês a Massachusetts e Connecticut, eu tive a oportunidade não somente de conhecer pessoas maravilhosas, mas de conhecer um lado novo do Rotary. Tive a chance de conhecer os maravilhosos programas que o Rotary implementa globalmente, como a campanha contra a pólio, os diversos programas de alfabetização e a maravilhosa capacidade de mobilização dos rotarianos. E foi na Conferência Distrital do IGE que tive a oportunidade de conhecer a Bolsa Pró-Paz, através de uma inspiradora apresentação de uma bolsista pró-paz falando de sua experiência em água e saneamento básico.

Do dia de meu retorno da viagem do IGE ao prazo final para apresentar a candidatura, eu tive exatamente um mês para preparar toda a documentação, que não é pouca, traduzir todos os documentos, prestar o exame do TOEFL, buscar recomendações, estudar para o GRE. E o espírito rotário se fez presente em cada passo deste processo. Do momento de meu regresso ao dia das entrevistas, tive a sorte de encontrar várias pessoas – ou melhor, anjos – em meu caminho.

O amigo Ronaldo Carneiro, quem lutou bravamente por mim e convenceu seu clube a apoiar minha candidatura mesmo tendo sido tão em cima. O amigo Chico Schlabitz, que me apoiou mesmo quando as coisas pareciam não ir pra frente. Entre tantos outros. E então, no mês do meu aniversário, em outubro de 2006, recebo a tão sonhada chamada de Evanston com a maravilhosa notícia de ter sido selecionada para estudar na prestigiosa Duke University.

Ghandi dizia: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. E esta frase, para mim, encapsula o espírito da Bolsa Pró-Paz do Rotary. Por dois anos, tive a chance de aprender com professores e mestres brilhantes em Duke e pude conviver com algumas das mentes mais afiadas selecionadas pelo Rotary, moldando-me para ser a mudança no mundo. E a grande vantagem do meu curso em Duke era seu pragmatismo. Nossos professores eram profissionais com décadas de experiência em desenvolvimento internacional e suas aulas, sempre muito práticas e enfocadas em problemas reais e de escopo global.

Durante minha pós-graduação, fui exposto a um mundo totalmente novo – um mundo de análise estruturada de conflitos e perspectiva acadêmica sobre os impulsionadores dos diferentes temas globais afligindo nossa sociedade moderna. E mesmo que minha posição atual, como Diretora de Política para América Latina e Caribe para o Centro Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (ICMEC), não lide diretamente com conflitos, as ferramentas e conhecimentos que aprendi nesses dois anos mudaram minha perspectiva profissional. Além das diversas ferramentas acadêmicas, contatos e conhecimento, o espírito de solidariedade, empatia e colaboração foram os grandes exemplos que me guiam até hoje em minha jornada rumo a um mundo mais justo e seguro.

Mais do que as bolsas, o Rotary todo ano promove centenas de projetos e promove múltiplos espaços de interação e troca de experiências, capacitando centenas de pessoas brilhantes dispostas a colaborar com os clubes em prol de um mundo melhor. Tive a grande sorte de poder participar em dois Simpósios Pró-Paz: em maio de 2012, em Bangkok, onde tive a chance única de uma conversa particular com Mohammad Yunus, o economista de Bangladesh que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006 com sua inovadora ideia de criar o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito, o Grameen Bank. Sua história e genialidade só são superáveis por sua simplicidade, e conhecê-lo de tão perto foi uma honra incrível.

Em 2015, em São Paulo, ocasião em que fui selecionada para representar os Peace Fellows em um discurso inaugural com o ganhador do Prêmio Nobel, Oscar Árias. Uma honra ímpar, sem dúvidas. Enfim, estes eventos foram para mim mais que um momento de reencontros. Foi uma aula de desprendimento e a bondade que existe no coração de cada rotariano e uma renovação do meu compromisso de continuar na luta por um mundo melhor. Hoje, mais do que nunca, como mãe de uma linda garotinha de 4 anos, tenho vontade de ver um mundo melhor e mais justo. É uma honra poder dizer que faço parte dessa grande família rotária. E é revigorante poder ter a certeza de que somos muitos e somos fortes, e que, se trabalharmos juntos, a paz é sim possível, não importam os obstáculos.

 

Fonte: Vozes do Rotary

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