Devemos nos preparar para outros formatos de participação

Wilson Coelho*

 

Antes de eclodir esta terrível pandemia, as ações do Rotary estavam estruturadas em práticas e experiências passadas, apesar das mudanças que ocorrem a cada três anos na nossa organização por meio das decisões do Conselho de Legislação - o último tendo sido o de 2019.

Passados os piores momentos da pandemia (assim acreditamos e desejamos), cabe expor algumas reflexões relacionadas ao universo da nossa organização.

O Rotary se orgulha por tudo o que realizou desde a sua fundação, há 115 anos. Entretanto o mundo deu uma guinada sem precedentes nos últimos meses em virtude da Covid-19. O coronavírus foi responsável pela instru-mentalização de um outro caminho a trilhar e, por conseguinte, a se adequar em direção a um novo mundo.

Algumas ações, atividades e projetos deverão prosseguir sob um mesmo formato, porém potencializados pela excelente tecnologia hoje existente nas comunicações. Reuniões presenciais continuarão a ocorrer, mas as reuniões virtuais darão um novo enfoque à nossa organização, permitindo alcançar um público maior. Cursos e reuniões de estudo continuarão a ser oferecidos em modelos lubridos, com aulas presenciais e online, o que irá nos proporcionar um salto de conhecimento mais rápido, mais seguro e praticamente sem custo ou com baixíssimo custo.

As experiências das lideranças distritais, dos clubes e dos associados serão um fator preponderante no novo formato das reuniões e treinamentos, e o Rotary deve se adaptar às novas realidades daí surgidas. As reuniões virtuais, por exemplo, poderão vir a ser frequentadas por visitantes, con-vidados por rotarianos, algo que nas reuniões presenciais da maioria dos clubes praticamente inexiste ou é inex-pressivo, com potencial para promover o crescimento do quadro associativo. Obviamente que sob uma normatiza-ção e supervisão do Conselho Diretor, receberemos convidados que nunca adentraram uma sede de Rotary Club ou tiveram oportunidade de assistir às nossas reuniões presenciais.

FREQUÊNCIA E ENGAJAMENTO

Algumas atividades certamente se conservarão da mesma forma que outrora. O clube que aguarda o fim da pandemia para abrir as portas e se- gu ir promovendo reuniões no mesmo formato poderá estacionar no tempo. Por outro lado, aqueles clubes que entenderem a mensagem e mudarem gradativamente para um modelo misto provavelmente levarão vantagem em praticamente todos os quesitos - estão sendo instaladas redes wi-fi nas sedes e locais de reuniões como nunca. Um dos valores dos clubes, o percentual de frequência do associado (aspecto que, aliás, já vinha caindo em desuso) será substituído pelo seu engajamento nas atividades. De que adianta um associado ter 100% de frequência no período e não se envolver em qualquer ação? Não seria preferível ter ele 40% de comparecimento às reuniões, mas participar da maioria das iniciativas que o clube venha empreender?

Dirigentes de clubes e distritos deverão preparar melhor suas reuniões. A inobservância desse quesito tende a desestimular os associados. Em contraste, quanto melhor for o preparo destes, maior será o engajamento nas atividades do Rotary.

Os canais de divulgação da nossa organização multiplicaram-se expres-sivamente durante esta pandemia. Nos últimos meses, na modalidade virtual, nunca se falou tanto sobre o Rotary e nunca se teve tanta oportunidade de aprender sobre ele.

Conferências, interclubes e demais encontros do Rotary seguirão existindo, mas, por certo, virão com outro formato - aliás, algumas mudanças foram permitidas há algum tempo. A prepa-ração para uma conferência distrital e outros eventos terá a possibilidade de uma melhor dinâmica, com encontros virtuais promovidos antecipadamente, divulgando informações de que, muitas vezes, somente se tem conhecimento ao chegar ao local. Deseja-se, e será salutar para um aprendizado de todos os associados do distrito, que haja transmissões em tempo real para aqueles que não têm condições de comparecer presencialmente às conferências e trei-namentos - realizados, na maioria das vezes, em cidades distantes da localidade do participante em virtude das enormes áreas geográficas dos distritos do país.

Em suma, a pandemia trouxe muita apreensão, tristezas e perdas, mas, certamente, a humanidade nunca mais será a mesma. E o Rotary também não, pois ele sempre conseguiu se adaptar às novas realidades, tanto assim que ultrapassou mais de um século de exis-tência. Um feito que poucas entidades congêneres obtiveram.

 

* Rotariano há 40 anos, o autor é presidente 2018-19 e atual secretário do Rotary Club deAlmenara, MG (distrito 4521).